2003 — Lula e o software: a escolha que pode[ria] determinar o futuro digital no Brasil

Arquivo: Em 2003, Lula estava por definir a escolha entre software livre e proprietário, e diferentes vozes se posicionavam no debate registrado pelos blogs.

A turma do Metáfora , através do Gasli (Grupo de Argumentação para o Software Livre), não para de buzinar para todos os cantos que o momento é importante e exige mobilização alerta. Do outro lado já existe a tal Coalizão pela Livre Escolha de Software, iniciativa da Camara-e.net (Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico) que “lutará para impedir que a adoção de software livre se torne uma política pública de governos municipais, estaduais e federal“.

O debate está quente, e vale à pena checar a real argumentação. De um lado pode-se conferir artigo de Marcelo Branco, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), responsável pela implantação de redes de sistemas livres na instituição de ensino localizada num estado cujo governo adotou o software livre como linha de frente de uma política pública de desenvolvimento da informática; do outro está Eduardo Campos de Oliveira, gerente de servidores da Microsoft do Brasil.

Artigo de Rafael Evangelista no Observatório dá uma boa visão da situação:

Atrás do que parece ser uma simples disputa entre profissionais especializados, que buscam enfatizar a excelência e a adequação de duas tecnologias diferentes e nas quais são especialistas, esconde-se um enfrentamento mais profundo, de dois grupos profissionais que parecem carregar 
consigo visões de mundo e ideologias diferentes e opostas.”

Quando o ‘moderno’ envelhece rápido“, por Rafael Evangelista, editor do sítio ComCiência <www.comciencia.br> – Observatório da Imprensa, 15/01/2023

A Ecologia Digital percebe que a solução não está unicamente em um ou outro caminho, mas identifica que lobbies corporativos milionários têm influenciado as políticas públicas nos últimos anos no Brasil em favor do software proprietário. Portanto, é engraçado (para não dizer outra coisa) ver esta coalizão 
pela livre escolha
 (“Initiative for Software Choice“) tentar impedir que a nova ideologia eleita democraticamente utilize de seus instrumentos de implementação de políticas públicas nas questões relativas ao futuro digital do país.

Ou como diria o Joelhasso, “livrescolha o caralho“.

Post de José Murilo em 17/03/2003, recuperado do blog ‘Ecologia Digital’ original (ecodigital.blogspot.com), com links recuperados via Wayback Machine (Archive.org)

Post no Blogspot: https://ecodigital.blogspot.com/2003/01/lula-e-o-softwarea-escolha-que-pode.html